A primeira família contemplada a ter seu lar entregue pelo Projeto São Gonçalo Acessível foi a do menino Miguel, uma criança dentro do espectro autista,
com TDAH e esquizofrenia que morava em uma casa insalubre, escura e úmida no bairro Novo Amarante. Miguel consegue se comunicar e faz
tratamento regular, mas as condições da casa prejudicavam o desenvolvimento cognitivo da criança, que tinha crises severas principalmente quando
chovia.
Dona Erleide, mãe de Miguel, tem 58 anos, e devido a problemas de saúde não consegue trabalhar.
Por causa disso desenvolveu depressão profunda e passa os dias em casa cuidando de Miguel.
Miguel recebe um benefício do governo e com ele, Erleide sustenta a família de quatro pessoas, formada por ela e seus três filhos.
A casa existe a quase 50 anos e nunca foi reformada. As paredes estavam caindo aos poucos pois foi levantada com barro e remendada com cimento.
O banheiro não tinha entrada de luz e devido ao acúmulo de umidade e infiltração era repleto de mofo.
Quando chovia entrava água dentro da casa, tanto pela entrada principal como pelo telhado.
A família já perdeu geladeira, televisão e estantes por causa da chuva.
O telhado tinha cupim e era muito antigo, Dona Erleide tinha medo de que com alguma chuva forte ele desabasse.
Miguel não tinha espaço para brincar, seus brinquedos preferidos se resumiam a pedacinhos do chão e da parede que ele arrancava
e por isso estava sempre com as mãos e braços machucados.
Ele desejava ter um lugar melhor para brincar, uma casa melhor para se proteger da chuva, onde ele não sofresse com as crises e a família
pudesse desenvolver perspectiva e transformar seu futuro.
“Eu só não desisti e me mantive viva até hoje, por causa dele (Miguel), ele é minha alegria, mas eu tenho medo de que
quando eu for embora, de quando Deus me levar, ele fique
aqui nessa condição. Eu gostaria de deixar um lar onde ele
possa ser feliz.” - Erleide
A segunda família contemplada, a ter o lar entregue, foi a de Dona Fátima. Ela tem 68 anos, mora no bairro de Novo Amarante
e é mãe de Jussier, voluntário da ONG ReforAMAR desde 2022. Jussier conheceu o trabalho da ONG pela televisão e inscreveu
a casa de sua família para ter seu lar reformado, mas enquanto aguardava na fila de espera que tem mais de 500 lares inscritos,
resolveu fazer o bem e ajudar na transformação da moradia de outras famílias carentes, pois se sentiu tocado ao acompanhar o trabalho
da ONG pelas redes sociais e percebeu que também queria fazer a diferença para mudar a vida das pessoas.
A casa de Dona Fátima tinha diversos problemas que causavam desconforto e insegurança.
As paredes da casa estavam com o reboco caindo, deixando buracos fundo que mostravam os tijolos.
O piso estava todo esburacado e frequentemente eles tinham que fazer remendos para que a idosa não tropeçasse e caísse, vindo a se machucar.
O telhado estava com o madeiramento cheio de cupins e muitas telhas estavam quebradas deixando goteiras por toda casa quando chovia.
“Quando chove minha mãe diz preocupada: 'Meu Deus, segura o telhado da minha casa!’ pois acha que ele pode a qualquer momento desabar em cima
da gente.”
Para além dos problemas estruturais da casa, há também uma triste lembrança. Por não poderem reformar a casa, cômodos marcados com um vestígio
de sangue, relembram mãe e filho da situação de violência doméstica que passaram com o pai de Jussier.
Uma das vezes o pai bateu com a cabeça de Dona Fátima na parede que ficou manchada de sangue. Para eles essa transformação na casa é transformar
memórias para poderem seguir em frente sem ficar lembrando dessa triste situação que viveram.
“Para as pessoas de fora essa reforma pode parecer ser muito pouco, mas para mim e para a minha mãe ver essa casa transformada,
é uma realização de vida imensurável. Minha mãe mereceu ter o lar reformado, porquê ela é uma guerreira, uma sobrevivente.”
O divórcio dos pais foi feito pelo próprio Jussier. Depois de perceber que precisava entender de muitas leis para resolver o problema
de sua família, acabou se interessando pelo curso de direito.
Apesar da casa não ter boas condições para ele conseguir estudar, não desistiu, após muito esforço conseguiu passar na UFRN.
Hoje advogado, encontra dificuldades em se posicionar no mercado de trabalho e garantir uma vida melhor para a sua mãe,
pois devido à sua condição carente não consegue atuar na área e por isso segue estudando para concursos públicos.
Dona Fátima sonhava com a sua casa arrumadinha, segura e digna. Onde ela pudesse receber os netos e suas amigas sem sentir vergonha.
Que ela pudesse passar pela chuva sem ter medo de morrer e com melhores memórias para desfrutar.
Terezinha é uma senhora que passava a maior parte do dia sozinha em sua casa, principalmente bordando no jardim.
Suas reclamações giravam em torno deste espaço da casa pois quando chovia a água não tinha para onde permear e entrava na casa.
Além disso o chão acidentado prejudicava sua lenta caminhada. Seu maior sonho era um ter um jardim bonito,
onde ela pudesse bordar e passar a maior parte do seu tempo perto dos vizinhos e familiares que lhe visitavam,
sem medo da água entrar na casa e estragar sua mobília e sem medo de cair.
A quarta família contemplada a ter seu lar entregue foi a da menina Itiele Ágata, de apenas 07 anos,
que tem paralisia cerebral. O maior sonho da família era sair do Kitnet apertado de dois cômodos que habitavam,
para uma casa em frente que tinham a posse, local onde Itiele poderia se locomover e se desenvolver, pois a falta de espaço
estava prejudicando o tratamento da filha que necessitava de cuidados especiais.
O acesso à Kitnet se dava por uma escada íngreme e sem guarda corpo, a qual sua mãe descia todos os dias com a filha no colo,
o que oferecia risco para as duas. Os problemas de onde moravam não paravam no espaço apertado, a construção era antiga e por isso
tinha muita infiltração e mofo, o telhado também precisava de manutenção e quando chovia ficavam todos incomodados por causa das muitas
goteiras.
Nos dias de chuva, Dona Laura e seu esposo tinham insônia para não perderem os poucos eletrodomésticos que conseguiram comprar com muito esforço.
“É muito importante a gente se mudar pra outra casa, pois aqui ela não consegue desenvolver o que ela deveria estar desenvolvendo.
Aqui ela tem se arrastado muito no chão e ela precisa de espaço para se locomover e treinar o andar, aqui ela está regredindo no tratamento.”
A família nunca conseguiu se mudar para a casa em frente pois ela precisava de uma grande reforma. A porta da frente não trancava,
as paredes tinham infiltração, não havia ponto de água, esgoto ou energia na casa, era preciso fazer tudo. Além disso boa parte do telhado
faltava telhas. “A minha casa dos sonhos é uma casa que tenha acessibilidade para a minha filha.”
Mateuzinho é um menino de 14 anos que tem paralisia cerebral e morava em uma casa sem acessibilidade.
Sua mãe, Maria Graça, tinha dificuldades de sair e entrar na casa pois a calçada era muito alta e tinha uma rampa íngrime.
Ela também não conseguia passar na porta do banheiro com o menino na sua cadeira, pois a porta era muito estreita.
Ela nunca teve condições de reformar a casa e sobrevive com muito sacrifício.
Jorge, uma criança de 10 anos com síndrome de Down, enfrenta desafios respiratórios e questões na tireoide desde muito cedo.
O banheiro, tornou-se o epicentro de uma batalha constante. Aos oito meses de vida, foi diagnosticado com pneumonia, desencadeado
pela umidade proveniente de infiltrações que afetavam o banheiro, e dele para outras partes da residência, deixando-a com muito mofo.
A família, conseguiu realizar reparos paliativos, priorizando o tratamento do criança, mas uma rachadura surgiu ao longo do tempo e o
piso começou a afundar gerando insegurança. "Eu não sei se um dia estaremos juntos e tudo desabará sobre nós."
Samuel é um menino de 12 anos muito simpático e carinhoso que tem paralisia cerebral e síndrome de West,
uma síndrome rara que demandas vários exames e medicações específicas de valores altos.
Sua família é carente e batalha muito para conseguir cuidar do menino de forma que não lhe falte medicações,
tratamentos e o mínimo de conforto. Por isso, os meses e anos passam mas não sobra dinheiro para reforamar o lar
que daria maior conforto para a família e para Samuel.
Uma grande dificuldade diária que enfrentavam era com relação ao banheiro. Não conseguiam acessar o espaço com Samuel
sentado na cadeira de rodas pois a porta era muito estreita e seu pai tinha que carregá-lo nos braços várias vezes ao dia para dar banho
sempre que precisava trocar a fralda, que acontecia pelo menos 06 vezes ao dia.
Como Samuel está crescendo e está pesado, essa tarefa cotidiana ficou cada vez mais difícil de ser realizada e a família
sonhava em poder ter mais conforto.
Leonilda Mendes, mais conhecida como Dona Leô, emerge como uma figura inspiradora em meio aos desafios da idade avançada
e da luta contra o Alzheimer. Aos 102 anos, Dona Leô irradia simpatia e alegria quando a lucidez a envolve, conquistando a todos
ao seu redor. No entanto, a sombra do Alzheimer tem deixado sua mente confusa, transformando seu olhar em um reflexo de uma batalha silenciosa.
O Alzheimer e a idade a tornou dependente da assistência para tarefas básicas como alimentação,
higiene pessoal e vestimenta. Limitada a uma cama e uma cadeira de rodas em uma casa desprovida de acessibilidade,
ela se torna o símbolo de resiliência familiar. A história de Dona Leô é uma história de superação. Mãe de seis filhos,
ela criou uma família praticamente sozinha, incluindo parte de seus netos. Sempre ativa, encontrando formas de manter a família unida
sem passar por situações que os deixassem na miséria. Se hoje isso já seria muito difícil, imagine há mais de 50 anos atrás, uma mulher
sozinha dando a cara ao mundo para sobreviver.
Apesar das adversidades, Dona Leô enfrenta cada dia com a dedicação e amor de sua família. Mas ainda havia dificuldades como o uso do
único banheiro, apertado e insalubre compartilhado por todos e que não era adequado para as necessidades da centenária.
A reforma do banheiro, que era um sonho de todos da casa, deixará um legado que ficará inclusive para seus filhos e netos,
alguns deles já são idosos e também poderão se beneficiar da melhoria da casa.
Ayla é uma menina de 04 anos que tem autismo e morava em uma casa insalubre e insegura. As paredes da moradia não tinha reboco,
todos os cômodos estavam apenas no contrapiso, o banheiro não tinha teto e nem encanamento, a família tinha que tomar banho de balde.
A criança não tinha espaço seguro para brincar nem se desenvolver, o chão constantemente feria a menina. O quintal antigamente era
um entulho de lixão e apesar de terem aterrado para construção da casa tudo estava afundando, inclusive o banheiro.
A mãe, tinha muito medo de que o lar impactasse negativamente no desenvolvimento cognitivo da filha, mas sem recursos para fazer qualquer
tipo melhoria seguia a vida como dava.
Após a instalação pela prefeitura de uma parada de ônibus, posto policial e acadeia pública em frente ao Ginásio Poliesportivo de Golandim,
a população se apropriou do espaço do terreno para plantar e fazer um jardim. Um dos moradores da comunidade atende como Jardineiro do espaço e
cuida diariamente das plantas manutenção e limpeza.
O espaço foi escolhido por ser central, possuir quem cuidasse da manutenção da praça e seria efetivamente utilizado pela população.
Solicitamos autorização à secretaria de obras de São Gonçalo do Amarante e construímos uma praça pública acessível para a comunidade.